domingo, 17 de outubro de 2010

Reforma universitária e Universidade Nova: histórico

O projeto de reforma universitária não se configura como uma estratégia recente de mudança do modelo de ensino na educação superior e não se restringe à realidade brasileira. Historicamente, muitos modelos já foram implementados e derrocados, em função dos interesses das classes que chegaram à dominância no Brasil e no mundo.

A partir da segunda metade do século XX, a concepção de universidade destinada a um projeto de desenvolvimento nacional, sendo esse um projeto nacional burguês de desenvolvimento, ganhou força entre o setores progressistas brasileiros. Nesse sentido, a produção de conhecimento deveria justificar tal modelo, bem como colaborar com ele para a produção de novas tecnologias. Essa universidade, pensada pela burguesia liberal, não era nada libertadora, pelo contrario, concentrava o poder nas mãos da burocracia acadêmica, a qual estava fortemente atrelada aos interesses das classes dominantes. Nessa lógica, nem os estudantes e nem a classe trabalhadora participavam das decisões, sendo objeto do modelo para atender as necessidades de mão de obra especializada.

Com o advento da Ditadura Militar, a hegemonia da burguesia liberal sede lugar ao novo modelo de aliança das classes dominantes, fortemente monopolista e subjugado aos interesses estadunidenses. Os militares implementaram um novo projeto de universidade, não mais voltado ao desenvolvimento nacional, mas para fornecer recursos humanos subordinados ao governo autoritário vigente. Aumenta-se de forma significativa a entrada de estudantes da classe trabalhadora na universidade, bem como a sua busca de ascensão social, e de forma paralela, cresce a repressão no âmbito da universidade em mesma proporção a diminuição da sua elitização.

A ditadura militar declina e ganha força a lógica neoliberal de mercado. A universidade, como não poderia deixar de ser, acompanha a nova direção dos ventos e enverga-se aos pilares dos governos neoliberais, que se revelam pelo descaso ao ensino superior, acompanhado de nova ascensão da burocracia acadêmica (quase esquecida, coitada, em meio aos fardados). Essa burocracia muito se fortalecia com o arrocho dos recursos governamentais para a universidade, pois a cada corte no orçamento, mais se abria o campo para captação de recursos no mercado. Cresce a aliança entre universidades e capital privado, sendo esta reproduzida nos dias atuais, através de corporações particulares que usam dessas instituições para capacitar seu quadro de funcionários e gerentes.

A reforma universitária que conhecemos hoje, apresentada pelo governo Lula, vem para dar continuidade ao projeto iniciado na Ditadura Militar. Diminui-se ainda mais os recursos públicos destinados as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), de modo a acelerar o seu processo de destruição e incentivar a ascensão dos modelos de universidade atrelados ao capital privado e sem nenhum compromisso com quaisquer projetos de cunho nacional. A reforma universitária, no entanto, ainda se mostrava incompleta diante dos interesses dos grandes grupos financeiros e transnacionais. Não bastava a diminuição de verbas e o financiamento do capital privado – era preciso uma ideologia justificadora e proposições bem definidas.

É nesse contexto e para suprir essa demanda de classe, que surge o projeto da Universidade Nova. O que os grupos financeiros precisavam era de um modelo de universidade que criasse uma mão-de-obra qualificada e flexibilizada para atender ao mundo do trabalho; e principalmente a formação de um contingente de desempregados que pudessem promover a queda de salários, no intuito de atrair investimentos estrangeiros. O ensino continuaria a ser financiado pelo Estado, mas a pesquisa (de onde o dinheiro brota) passaria aos centros de excelência financiados pelo capital privado.
Mariana Prates, 2o semestre
Baseado no texto "Universidade Nova: quem ganha com este projeto?", de Daniel Caribé

domingo, 26 de setembro de 2010

Transferência do SMURB para o Ambulatório Magalhães Neto

MOÇÃO DE DESAPROVAÇÃO

A Congregação da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) reunida em sessão ordinária nesta data, aprovou por unanimidade MOÇÃO DE DESAPROVAÇÃO à proposta de transferência, parcial ou completa, do Serviço Médico Universitário Rubens Brasil (SMURB) da UFBA para o Ambulatório Professor Magalhães Netto (AMN), do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard Santos (COM-HUPES)/UFBA, considerando que a transferência do SMURB para o AMN: (I) compromete o desenvolvimento e a ampliação das políticas voltadas à valorização da saúde do trabalhador (servidor-docente ou técnico-administr ativo), àquelas periciais e às aplicadas ao corpo discente; (II) cria no AMN dupla porta de entrada, sendo isso flagrante afronta ao princípio da equidade preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS); (III) torna inviável o Plano-diretor do COM-HUPES, já gravemente comprometido com a construção do prédio da Biblioteca Setorial de Saúde em área antes destinada à expansão do COM-HUPES (como o Pronto-Socorro e Serviços Diagnósticos); (IV) inviabiliza a expansão dos serviços ambulatoriais, com diretos reflexos ao ensino e à extensão do Curso de Medicina e dos Programas de Residência Médica; (V) prejudica a completa transferência dos Ambulatórios de Ginecologia, para área digna aos Programas de Atenção à Saúde da Mulher, preconizados pelo Ministério da Saúde, e com isso torna o SUS-Bahia ainda mais carente nessa área de vital interesse coletivo e público; (VI) fere a idéia básica da concepção do AMN que visa ampliar a assistência prestada à população permitindo aumentar o campo de prática dos estudantes de Medicina; e (VII) prejudica a melhor qualificação do COM-HUPES, um dos poucos hospitais terciários do Estado da Bahia com essenciais serviços prestados à população mais carente de ampla região geográfica.


Salvador (Bahia), 14 de Setembro de 2010, no 202° ano de fundação do Curso Médico-cirúrgico na Cidade da Bahia

JOSÉ TAVARES-NETO
Presidente da Congregação
(Moção aprovada na última Congregação, dia 14 se setembro de 2010)
Iai, o que vamos fazer a respeito? Tá na hora de discutir e sair de cima do "muro das amarguras" e ir à luta. Afinal, somos tanto SUJEITOS da nossa história individual, tanto quanto de nossa história COLETIVA, da qual participamos mesmo sem querer, na nossa faculdade, universidade, do nosso pais...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Fotos do FAXINÃO 2010

Não se enganem com as fotos descontraídas e nos momentos de descanso: o Faxinão foi TENSO. Mas valeu muito a pena! :)
Cada caixa é uma nova surpresa...


O pós-faxinão


Luisa, Natan e Ivy

Elas e eu (Marta)

Depois do trabalho, a recompensa...


Parte da galera

Deivisson no vocal, levando a platéia ao delírio!

Após o jejum prolongado...

Fotos das pessoas comendo sempre são inconvenientes...


Hummm!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Depois das presidenciais... Já sabe em quem vai votar?

"Salvador, 14 de Setembro de 2010


Parecer sobre a regulamentação da consulta à comunidade da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) com vistas à indicação de nomes para a escolha de Diretor e Vice- Diretor.


Após apreciação das Normas da Consulta à Comunidade da FMB-UFBA para o cargo de Diretor e Vice-Diretor, apresentamos, por meio deste, posicionamento favorável à regulamentação da citada consulta nos termos contidos no documento a ser aprovado nesta Congregação e ao processo cujo início data de dezesseis de março de dois mil e dez, com elaboração de minuta submetida à consulta pública e análise da Assembléia Geral da Comunidade da FMB do dia dezessete de agosto deste ano. Ressaltamos a importância de um processo decisório democrático na escolha dos gestores de nossa Escola e a sua regulamentação, para que este compromisso moral se firme enquanto obrigação legal, garantindo o direito a participação e representatividade da Comunidade. Ainda que se trate de uma Consulta e não de um processo real de eleição, cuja instituição dependeria de mudanças a serem galgadas em outras esferas, consideramos importante vitória a normatização da paridade de votação entre os segmentos de discentes, docentes e de servidores técnico-administrativos, com utilização de denominador do total de votantes, o que garante a expressão final dos interesses dos três segmentos na Consulta, fundamental para garantia da justeza no processo. Para se evitar distorções inclui-se pela primeira vez a porcentagem mínima de quinze por cento dos votantes por categoria. Lembremo-nos ainda que na UFBA a Consulta para cargos de Reitor e Vice-Reitor somente este ano institui a paridade de pesos para as três categorias e os denominadores usados nos cálculos continuam sendo o número total de pessoas da categoria, o que prejudica substancialmente a expressão dos votos dos estudantes, em número muito maior do que professores e servidores e com uma porcentagem relativa de votantes menor, por dificuldades impostas até pela dinâmica do processo de votação. Esperamos desenvolver cada vez mais nossa experiência e amadurecimento democrático, e que este se aprofunde e se enraíze em nossa cultura institucional."


Lembrete: A próxima Consulta é 19 de Abril de 2011 para Diretor e Vice.


Leia na íntegra as Normas da Consulta à Comunidade da FMB-UFBA: (em breve)

EM BREVE: Fotos do Faxinão do DAMED 2010!!!

Aquela salinha é NOSSA, onde descansamos, nos encontramos, tiramos aquele cochilho entre as aulas, onde nos reunimos, discutimos e nos organizamos enquanto Movimento.
Vamos cuidá-la com carinho!


Deixe sua opinião: O que achou da nova arrumação do DAMED? Tem alguma sugestão para melhorar nosso espaço?

domingo, 25 de abril de 2010

O Prédio de Medicina o Dinheiro do TSD - O RETORNO

Relembrando...

"Na semana retrasada, tivemos notícia de que a Administração Central havia enviado um ofício à Faculdade de Medicina da Bahia requisitando um plano de retirada das “atividades acadêmico-administrativas” do pavilhão de aulas da FAMEB do Canela. (...) Desde 2004, avaliando que o curso de Medicina da UFBA não ia bem, foi enviado um documento, reunindo as falhas do curso de Medicina, para todas as instâncias cabíveis, incluindo o MEC e a Reitoria. Chegou-se até mesmo a cogitar a diminuição das vagas de Medicina. No entanto, nada foi feito. Em 2008, graças ao boicote ao ENADE que os estudantes realizaram, uma Comissão de Avaliação do MEC foi enviada para a FMB e chegou às mesmas conclusões, redigindo um Termo de Saneamento das Deficiências (TSD), no qual estão listados os problemas do curso. Após muita briga, conseguimos que o MEC se responsabilizasse e garantisse o envio de 2,5 milhões (apenas parte dos 3,5 milhões que precisávamos). Só que essa verba só vem se realizarmos um Plano de Trabalho de aplicação do dinheiro. Foi então instituída uma Comissão para elaboração desse Plano de Trabalho. O problema é que essa Comissão não pode terminar o Plano de Trabalho porque os arquitetos da UFBA se recusaram a entregar os projetos de reforma do Pavilhão de Aulas, dizendo, em conversa de corredor, que o Pavilhão agora não era de Medicina e sim de Saúde! Assim, estamos correndo o perigo de NÃO RECEBER A VERBA!"
(Trecho do jornal Sinais Vitais do DAMED, lançado em Setembro de 2009)



Vídeo do ato dos estudantes de medicina na frente da reitoria, exigindo a manutenção do prédio como de Medicina e a aplicação imediata do dinheiro do TSD:



O Passo a Passo dos fatos: http://damedparticipe.blogspot.com/2010/03/passo-passo.html

Visita da comissão: http://damedparticipe.blogspot.com/2010/03/no-dia-15-de-marco-esta-ultima-segunda.html

E AGORA?
O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

  • Desde 26/02/2010, ainda não houve NENHUMA reunião ordinária do Conselho Universitário e, portanto, as pautas do expediente da Universidade (as questões pendentes de discussão e aprovação, como a nossa por exemplo) não estão sendo decididas. As reuniões extraordinárias que aconteceram até agora (que por serem extraordinárias são convocadas por questões específicas e não se pode acrescentar outras) não discutiram a questão do nosso prédio.
  • E quanto aos 2,5 milhões para melhorias na nossa faculdade? A parte que nos cabia do projeto a ser enviado ao MEC já está pronta. Ainda estamos esperando a decisão do CONSUNI e a liberação das plantas do projeto de reforma do Prédio pelos arquitetos da Administração Central para então este ser submetido ao MEC, ser aprovado e o dinheiro começar a ser aplicado.
  • A questão é que esses problemas para o envio do projeto se iniciaram em Agosto de 2009 (data do ofício da Adm. Central exigindo as retiradas das atividades da FMB do pavilhão) e, até agora, não foram resolvidos. E a verba que conseguimos corre o risco de voltar!

OS PRÓXIMOS CAPÍTULOS DESSA NOVELA DEPENDEM DE NÓS!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

MOVIMENTO R.U. A 1 REAL!

Links de vídeos:

Passagem em sala:
http://www.youtube.com/watch?v=hlcZ8vdaVZ0

Conversa com o Reitor Naomar:
Vídeo 1: http://www.youtube.com/watch?v=Li8NbDzO9eg
Vídeo 2: http://www.youtube.com/watch?v=lley92qjnZs
Vídeo 3:http://www.youtube.com/watch?v=HUM9DbtFJ1w
Estudantes da UFBA se mobilizam contra o preço do Restaurante Universitário!

Confira:
http://umrealja.blogspot.com


MOVIMENTO R.U. A 1 REAL!


Depois de anos de luta, reinvidicações e mobilizações d@s estudantes pela reabertura do Restaurante Universitário, a reitoria acha que pode brincar com a nossa cara e abre o R.U. mais caro do Brasil!! R$ 5,50 a refeição!!!!!


Só como exemplo, na USP a refeição custa R$1,90, na UFPI R$0,80, UEFS R$1,00, UFAL R$1,00, UFMA R$1,20, UFS R$1,00!


O Restaurante Universitário (R.U,) é uma política de acesso a educação e de permanência na Universidade. Sem R.U. muitos de nós literalmente passamos fome. Se um/a estudante apenas almoçar de segunda a sexta na Universidade, pagando o absurdo de R$ 5,50 vai gastar mais de R$110,00 por mês, o que dá quase 25% do salário mínimo e 44% de uma bolsa estudantil, e isso só para o almoço!!


As/os estudantes não podem ficar paradas/os! O R.U. precisa cumprir sua função, que é garantir aos/as estudantes a possibilidade de continuar se educando e não funcionar como mais um restaurante para gerar lucro e onde só alguns podem pagar.


Isso tudo tem a ver com você? Também não acha justo pagarmos esse preço? Não é só votando em nossas representações que garantimos nossos direitos. Junte-se a nós nessa luta! Quando?


PRÓXIMA SEGUNDA (26/04)

14 H NA BIBLIOTECA CENTRAL (Ondina)!



QUEREMOS ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL, MAS NÃO PELA METADE!

R.U. A R$1,00 JÁ!

R$ 5,50 eu NÃO PAGO!!

terça-feira, 23 de março de 2010

Reportagem do Bom Dia Brasil sobre a UFBA

Daí a gente começa a ver que o nosso problema de infra-estrutura não é só nosso...

http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1534345-16020,00.html

quarta-feira, 17 de março de 2010

Vem, Luiz Rogério!!! - Visita da Comissão do CONSUNI aos Prédios da FAMEB-UFBA

No dia 15 de março (esta última segunda!), a Comissão de Normas e Recursos, responsável por emitir um parecer sobre nosso pedido de reconsideração da decisão do CONSUNI (decisão que o nosso prédio seria, a partir de então, pavilhão multiuso) veio visitar o Terreiro de Jesus para fechar uma opinião sobre a questão, que daí que seria votada no próximo CONSUNI (Conselho Universitário - tipo a Congregação de nossa faculdade, onde se tomam as decisões da Universidade).

Nós entendemos que para emitir uma opinião como esta era necessário, além de uma visita ao Terreiro, eles irem pessoalmente no prédio de nossa faculdade, ouvir os estudantes e olhar "com os próprios olhos" como andam as coisas por lá. Daí, fizemos um abaixo assinado "VEM, LUIZ ROGÉRIO!", convocando a comissão, e, em especial, o Prof. Luiz Rogério Bastos, diretor do Instituto de Geociências da UFBA, a ir também ao nosso prédio no Vale do Canela.



Conseguimos, apesar do tempo curto de passagem do abaixo-assinado, mais de 400 ASSINATURAS! Parece pouco? Pois não é - esse abaixo-assinado circulou a partir das 14h de quinta-feira (11/03) à tarde até às 09h da manhã de segunda (15/03), apenas nos horários em que as aulas do nosso curso acontecem.

E, é claro, ELE VEIO! Fomos todos (os estudantes que já o esperavam na frente do prédio e os outros que foram chegando depois) para a sala 2, junto com o Prof. Luiz Rogério, Prof. Jorge Moreira, diretor do Instituto de Biologia e membro da Comissão de Normas e Recursos, Prof. Ronaldo Jacobina, Prof. Mônica Angelim e a Srª Jundiára Paim, servidora da FAMEB-UFBA há muitos anos.



Às 12:00h a sala já estava lotada e mostramos aos senhores presentes e a nós mesmos que não vamos ficar passivos ou "em cima do muro" quando se trata de nossa formação. Muitas pessoas se inscrevem e falaram da nossa já existente falta de estrutura, das novas exigências do currículo de salas pequenas e outros campos de prática, das diferentes destinações do prédio do Canela e do Terreiro de Jesus, e do nosso compromisso com a qualidade do nosso curso, e que não devemos confundir solidariedade com os outros cursos com dividir os prejuizos e não lutar por melhores condições para TODOS na Universidade.










O nosso prometido "abraço coletivo" ao prédio não rolou, porque a reunião com os diretores se estendeu muito, com tanta gente se colocando, o que só foi bom, mas, ele fica para o futuro, seja para comemorar nossa vitória ou para demostrar que a gente não sai dali fácil não! BOMBOU, GALERA!!!

segunda-feira, 15 de março de 2010

EM BREVE confira as fotos da visita do relator do processo à Faculdade de Medicina! Marcamos nossa presença e dissemos pra que viemos! Rumo à decisão no CONSUNI!!

PASSO A PASSO

A cronologia dos fatos envolvendo o Prédio da FAMEB-UFBA (Vale do Canela)



1) Boicote ao ENADE 2007 – Em 2007 houve um boicote ao Exame Nacional de Desempenho Estudantil, o ENADE, puxado pelo DAMED-UFBA (Diretório Acadêmico de Medicina da FAMEB-UFBA) e pela DENEM (Direção Nacional Executiva dos Estudantes de Medicina), que justificou a nota 2 recebida pela FAMEB-UFBA na avaliação. O boicote foi um ato político, de protesto estudantil contra uma avaliação que, ao final, por estar centrada somente no aluno, não é capaz de mensurar os graves problemas cotidianos porque passam uma Instituição de Ensino Superior (no nosso caso, a bicentenária Faculdade de Medicina da Bahia)


2) Em 2008, após a divulgação do resultado do ENADE 2007, e a publicização da nota obtida pela FAMEB-UFBA, a questão ganhou projeção nacional em virtude das declarações do então coordenador do Colegiado de Graduação, Prof. Antonio Natalino Manta Dantas. Uma resposta era esperada – da Faculdade de Medicina da Bahia e de seus estudantes – a respeito da nota baixa e das opiniões do Prof. Natalino. O DAMED-UFBA assumiu a campanha pelo boicote ao ENADE, arrazoando os motivos políticos para a sua realização, e o Prof. Natalino foi afastado do cargo de coordenador do Colegiado de graduação.


3) VISITA DA COMISSÃO DO MEC - Ainda no 1º semestre de 2008 uma Comissão instituída pela Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC) fez uma avaliação presencial à FAMED-UFBA. Nos três dias em que aqui estiveram, os Professores J. Guedes (Curso de Medicina - Santa Casa de Misericórdia de São Paulo) e W. Manfroi (Curso de Medicina – Universidade Federal do Rio Grande do Sul) procederam uma série de reuniões – com o Reitor da UFBa, Diretor da FAMEB-UFBA, Coordenadora do Colegiado, Grupo de Trabalho da Transformação Curricular da FAMEB-UFBA, DAMED, Professores, Funcionários e Estudantes – além de visitas aos campos de prática em atenção à saúde (COM-HUPES, CIUCP, MCO).


4) Com as informações obtidas nas visitas, nas reuniões e da análise de documentos, a Comissão do MEC elaborou um relatório, e o remeteu ao Ministério. A partir desse relatório, o MEC produziu um documento, entitulado TERMO DE SANEAMENTO DE DEFICIÊNCIAS (TSD), onde estabeleceram-se metas e prazos para ações saneadoras dos problemas do curso de graduação em Medicina da FAMEB-UFBA. Entretanto, NÃO VINCULAVA VERBA PARA A SUA EXECUÇÃO.


5) Em protesto à não vinculação de verbas para a execução do TSD, o DAMED-UFBA realizou o 1º ATO PÚBLICO sobre a questão, que já envolvia o nosso prédiose os recursos fossem destinados, seriam aplicados em melhorias estruturais no prédio da FAMEB-UFBA localizado no Vale do Canela. Em um levantamento feito por professores, funcionários e estudantes, a verba necessária para atingir as metas propostas pelo MEC era de R$ 3,5 milhões. Esse ato público aconteceu em 1º de abril de 2009.


6) Em resposta às manifestações estudantis e a mobilização da FAMEB-UFBA, o MEC reformulou, por duas vezes, o TSD. E, assim, com a 3ª versão GARANTINDO RECURSOS – R$ 2,5 milhões, o R$ 1.000.000,00 restante deveria ser conseguido pela FAMEB-UFBA e pela reitoria em convenio com o governo do estado da Bahia – é assinada pelo Diretor da FAMEB-UFBA, Prof. José Tavares-Neto; pela então coordenadora do Colegiado de Graduação, Profª Helenemarie Schaer Barbosa; pelo Reitor da UFBA, Prof. Naomar Monteiro de Almeida Filho; e pelo próprio MEC.


7) É constituída, pela Congregação da FAMEB-UFBa, uma comissão de professores, funcionários e estudantes para, durante o final do semestre letivo 2009.1 e o recesso entre este e o semestre 2009.2, fosse elaborado o plano de reforma física do Prédio da FAMEB-UFBA do Vale do Canela, com as plantas arquitetônicas das mudanças previstas – A Comissão de Infra-Estrutura da FAMEB-UFBA. A verba só seria liberada pelo MEC para a FAMEB-UFBA mediante o envio do plano de reforma, acompanhado pelas plantas. Membros dessa Comissão: Prof. Luiz Fernando Fernandes Adan (Presidente); a Srª Jundiára Paim e o Sr. EDVALDO PEREIRA SANTOS FILHO, repesentantes dos Servidores técnico-administrativos; como representantes estudantis, FERNANDA FERNANDES FONSECA, MARTA TEIXEIRA ROCHA, KAMILA DA MATA FUCHS, LEONARDO DE OLIVEIRA MACIEL (TITULARES); e DEIVISSON FREITAS DA SILVA, VINICIUS CAMPOS DUARTE, RAPHAEL COSTA BANDEIRA DE MELO CLÁUDIO VINICIUS MENEZES DE BRITO ( SUPLENTES).


8) Durante os trabalhos da Comissão da Reforma, no período do recesso (férias do meio do ano), surgiram dificuldades que impediram a finalização do plano de reforma, pelo seguinte motivo: o prédio da FAMEB-UFBa, localizado no Vale do Canela, não era mais nosso, e sim um Pavilhão de Aulas de Saúde.


9) Em agosto, no início do semestre letivo 2009.2, a Diretoria da FAMEB-UFBA recebe o Ofício 51/2009 da Proreitoria de Planejamento e Administração (PROPLAD), órgão que compõe a administração central da UFBA, cargo de nomeação – quem o ocupa, portanto, foi indicado pelo Reitor e pelo Vice-Reitor. O pedido do ofício é claro: a programação da retirada das atividades acadêmicas e administrativas do prédio do Vale do Canela para o Terreiro de Jesus, uma vez que a destinação do prédio do Vale agora era outra – Pavilhão Acadêmico de Saúde, um prédio Multi-Uso.


10) 2ª Vistita da Comissão da SESu/MEC – Aconteceu no segundo semestre, a título de acompanhamento do processo de adequação da FAMEB-UFBA ao TSD. Obviamente, houve o espanto – “a verba ainda não veio? Como assim? Como assim esse prédio não é mais da Faculdade de Medicina?”, foram, dentre outras as frases de espanto dos professores Guedes e Manfroi. Espanto mas, ao mesmo tempo, admiração pela disposição dos professores, funcionários e estudantes da FAMEB-UFBA em lutar para reverter a situação. Eles, após realizarem visitas, conversas e examinarem documentos, como da outra vez, elaboraram um RELATÓRIO MINUCIOSO – onde está transcrito um comentário do Prof. Naomar Monteiro de Almeida Filho sobre a questão do nosso prédio:


“Durante a reunião o Reitor nos informou que está tomando medidas administrativas para deslocar as atividades acadêmicas e administrativas do Curso de Medicina, do Centro Pavilhão do Canela, para o prédio histórico da Faculdade, situado no Terreiro de Jesus. Que a área que vem sendo ocupada apenas pelo Curso da Medicina será transformada em área de multiuso por parte das outras unidades e sob o gerenciamento administrativo da Reitoria. Que, depois da reformas, serão instalados os Laboratórios de Habilidades, o centro de convivência para alunos. E que essas áreas e o laboratório serão de uso comum. Com essas medidas mais as que vem sendo implementadas com a construção do prédio da Escola de Música, serão obtidas as salas necessárias para as aulas dos novos cursos que a Universidade criou”.



11) ESSA DECLARAÇÃO DO REITOR FOI DADA ANTES DA DELIBERAÇÃO DO CONSUNI NO ITEM “O QUE OCORRER”, NA REUNIÃO DO DIA 7 DE OUTUBRO!!!


12) A Congregação da FAMEB-UFBA se reuniu, e disse, por unanimidade, NÃO AO OFÍCIO DA PROPLAD, e às declarações do Prof. Naomar. Não vamos sair, pois é impossível sair – nosso vínculo é com o campus do canela, nossos estudantes têm aula aqui, e o prédio do Terreiro de Jesus não nos cabe. Reiterou que as únicas estruturas que migrariam do prédio do Canela para o do Terreiro de Jesus, e de forma parcial, seriam as estruturas administrativas – com a finalidade de liberar espaço físico para a construção de mais salas, imprescindíveis ao novo formato do curso de graduação em Medicina da FAMEB-UFBA. O parecer aprovado em agosto de 2009, devidamente embasado e enviado à Reitoria da UFBA foi de autoria da Profª. Drª. Aldina Barral.


13) 2º ATO PÚBLICO - Assim, em 24 de setembro de 2009, como, apesar das manifestações da nossa Congregação, a verba continuava impedida de vir para a execução da reforma – afinal, a administração central da UFBA continuava a afirmar que o nosso prédio era, agora, um PAVILHÃO MULTI-USO DESTINADO À ÁREA DA SAÚDE – mais de 300 estudantes de Medicina marcharam do prédio da FAMEB-UFBA do Vale do Canela ao Palácio da Reitoria, percorrendo, em passeata, o campus do Canela, para dar um recado à Reitoria – apesar do ofício 51;2009 da PROPLAD, nós não sairemos! E queremos que esse impasse acabe logo, para que a verba que conseguimos com o boicote ao ENADE 2007, de R$2,5 milhões, venha logo, para trazer melhorias para o nosso curso”. Já, nesse momento, havia um impasse – o Chefe de Gabinete do Prof. Naomar Almeida Filho, o Sr. Fernando Rêgo, alegava que a decisão sobre o destino do prédio já havia sido tomada pelo CONSUNI. Entretanto, nunca essa informação foi levada à congregação da Faculdade pelos nossos representantes, o Diretor, o Vice-Diretor e o Substituto do Vice-Diretor, simplesmente porque ela NÃO EXISTIA! Cobramos a ata da reunião que supostamente havia decidido por isso, ainda durante a manifestação, que não apareceu!!


14) CONSUNI DE 07/10/2009 - Apesar da nossas manifestações, dos documentos oficialmente entregues à Reitoria, tanto pela Diretoria da FAMEB quanto pelo DAMED-UFBA – que comprovam que, até então, a única coisa oficial que existia sobre a “saída da FAMEB-UFBA” do Vale do Canela era o ofício 51/09 da PROPLAD – nesta reunião, no item o que ocorrer, sem a presença dos representantes da FAMEB-UFBA, o Reitor colocou, no item o que ocorrer (último ponto de pauta de uma reunião de, pelo menos, 03h), como se fosse uma reafirmação de uma decisão anterior tomada pelo CONSUNI e em atenção a um pedido de reconsideração dessa decisão feito pelos estudantes de Medicina em ato público realizado em 24/09/09, a proposta de ratificar a decisão sobre os Pavilhões de Ensino Presencial, que seriam os Pavilhões Multi-Uso, nominando-os. Seriam 14 ao todo, e o nosso prédio estava nessa relação elencada pelo Prof. Naomar. Entretanto, pela primeira vez essa lista era elencada. E nós não pedimos reconsideração de decisão alguma no nosso ato, porque ela não existia!


15) Para quem duvida, é só acessar as minutas das ATAS do CONSUNI do dia 07/10/2009 – a enviada pela reitoria e as propostas de modificação feitas pelo DAMED e pelo Prof. Tavares-Neto. Ata é um documento oficial que relata o que aconteceu em uma reunião. Entretanto, ela precisa ser aprovada pelos presentes, porque todos tem que concordar com o que está ali relatado - a partir do momento a oficialização do documento, ele tem implicações legais. E, como não é uma transcrição de áudio - é um relato de uma pessoa sobre uma reunião - pode conter erros, e informações não muito verdadeiras... por isso, pode se sugerir correções às minutas de ata (versões preliminares), antes de aprová-las.


16) Assembléia da FAMEB de 22/10/2009 – Nessa data, reuniram-se funcinários, professores e muitos estudantes da FAMEB-UFBA. Depoimentos emocionados foram ouvidos de todas as partes. A Profª Daysi Jones, da disciplina de Medicina Legal, disse se sentir traindo a FAMEB – pois, por conta das dificuldades de espaço físico, parte das aulas teórico-práticas dessa são ministradas no IML e no CETAD – E, que se preciso fosse, para que nós não perdêssemos nosso prédio, traria seus alunos de volta, e exigiria da UFBA uma sala para poder dar suas aulas. Então:


· Decidimos, após discutir o problema à luz do novo Plano Diretor da UFBa, que nós temos uma particularidade – somos uma escola de 200 anos, com o peso e a força da tradição construída nesses dois séculos, mas que se volta, também, para a modernidade: Somos um em dois – temos um vínculo objetivo com o Prédio do Terreiro de Jesus: é onde começamos, é onde se encontram nossos projetos de pós-graduação, é onde estão nossos projetos de extensão, onde desenvolvemos atividades em conjunto com a comunidade do Pelourinho. E, também, temos um vínculo fortíssimo com o Canela: somos UFBA, e queremos continuar, também, dentro do campus de Saúde, próximos às outras unidades e estruturas universitárias que se integram com o currículo e o dia-a-dia do nosso curso de graduação – o ISC, o ISC, o COM-HUPES.

· Montamos uma comissão paritária, para visitar todos os diretores de Escolas, Faculdades e Institutos da UFBa e provar, por A + B + C +...Z, que além de não querermos sair do prédio do Vale do Canela, não podemos fazer isso – que, se assim se sucedessem as coisas, o curso de Medicina sairia muito prejudicado. Compõem essa Comissão -

· A Comissão da Assembléia visitou 27 diretores da UFBa, quase todas as unidades universitárias! E PRODUZIU DOIS DOCUMENTOS: um abaixo-assinado, para que todos, professores, funcionários e estudantes, pudessem reafirmar a decisão da assembléia, e um relatório cronológico do que havia acontecido, desde o boicote ao ENADE até novembro de 2009. Ambos ficaram disponíveis na portaria térrea do prédio do Vale do Canela, para consulta e subscrição.


17) CONSUNI de Dezembro de 2009 (O ÚLTIMO DO ANO) – Após uma reunião que teve início às 15h e término às 19h30 (extrapolou 01h30 do previsto), no momento final da reunião, no item o que ocorrer, a questão do nosso prédio, o nosso PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO foi feito, com apoio do DCE-UFBA, pela Diretoria da FAMEB e pela Comissão da Assembléia; E, graças às visitas da comissão, e à solidariedade das diretoras e dos diretores das outras faculdades – que desmarcaram compromissos e ficaram até o momento final – nosso pedido foi aprovado por UNANIMIDADE! Viraria um processo, a ser relatado ao CONSUNI pelo Prof. Dr. Luiz Rogério Bastos Leal, diretor do Instituto de Geociência e, então, votado – se voltaríamos a ser os “donos” do prédio ou não.


19) CONSUNI de 26/02/2010 – Na última sexta-feira das férias houve nova reunião do CONSUNI, e dessa vez nosso pedido de reconsideração era, de fato, ponto de pauta. Numa explanação breve, o diretor do IGEO, o prof. Luiz Rogério explicou que ainda não possuía uma opinião, porque precisava VISITAR A FAMEB antes, e conversar com as “pessoas envolvidas” na questão. Então, a decisão ficou adiada, e a visita do Prof. Luiz Rogério ficou marcada para às 09h de 15/03/2010, ao prédio da FAMEB localizado no Terreiro de Jesus.


E AGORA? QUAIS AS CENAS DOS PRÓXIMOS CAPITULOS?


A VISITA DA COMISSÃO DE NORMAS E RECURSOS AOS PRÉDIOS DA FAMEB-UFBA

E

O 3º ATO DOS ESTUDANTES DE MEDICINA


NÃO PERCAM!!!!

Balanço Geral - 2º Ato dos Estudantes de Medicina - 24/09/2009


http://www.youtube.com/watch?v=IusaeLItU14

segunda-feira, 8 de março de 2010

TSD - É VOCÊ NO MURO!

Seção "Túnel do Tempo" - Reedição de texto publicado pelo DAMED-UFBA em um jornal-informativo distribuído no ato de 1º de Abril de 2009. Se você não se lembra do ato, ou não lembra do jornal, ou não estava na FAMEB-UFBa na época, e estiver a fim de entender o que está acontecendo, leia.


O TSD, ou TERMO DE SANEAMENTO DE DEFICIÊNCIAS, é um documento enviado pelo MEC para as Faculdades que obtiveram “rendimento insatisfatório no ENADE” (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes). Funciona como um “contrato”, a ser assinado pela “instituição reprovada”, que estabelece metas a serem cumpridas e prazos para essas metas.


A FMB-UFBA também recebeu o seu TSD. Sabe como ele foi construído?


Em novembro de 2008 a nossa Faculdade recebeu uma Comissão de Supervisão instituída pelo MEC para avaliála, conversando com Professores, Funcionários e Estudantes – dos mais variados semestres – analisando documentos em que a FMB, desde 2004, expõe suas deficiências e exige condições para melhorar seu funcionamento e visitando os campos de prática (Hospital Universitário Professor Edugar Santos – HUPES -, e Centro de Integração Universidade Comunidade Pelourinho - Terreiro de Jesus). Dessas visitas, leituras e conversas nasceu um relatório – que engloba, basicamente, todas as reivindicações feitas pela Faculdade e por seus estudantes desde 2004 (Greve Estudantil) – e esse relatório deu origem ao “nosso” TSD: ele coloca como metas a serem alcançadas a solução dos problemas de que tanto nos queixamos nos últimos 05 anos.


Olhando grosseiramente, até aqui não há nada de errado, não é?


Tem um ditado popular que diz assim: “Quando a esmola é demais, o santo desconfia”. E, nesse caso, o problema é que a esmola é nenhuma: A Faculdade tem até o final do ano para resolver as deficiências que ela mesma listou, NÃO VAI RECEBER NENHUM CENTAVO A MAIS PARA ISSO e, se não se adequar, pode sofrer sanções – dentre elas, o seu FECHAMENTO. As exigências do MEC vão de um Laboratório de Habilidades – orçado em cerca de R$ 500.000,00 – à reestruturação da atenção básica à saúde em Salvador, passando também pela reabertura das enfermarias fechadas no HUPES. Ainda que haja problemas que, sozinha, a FMB não resolve (ela não manda no HUPES e nem na Saúde de Salvador), NÃO TEM COMO FAZER NADA DISSO SEM DINHEIRO.


O BOICOTE AO ENADE


Um dos grandes motivos de, NACIONALMENTE, TODAS AS EXECUTIVAS DE CURSO (MovimentoEstudantil) PUXAREM O BOICOTE AO ENADE é esse: Apesar de saber que o Ensino Público Superior é feito “nas coxas”, via “vários jeitinhos” que garantem a continuidade dos cursos em condições precárias, o MEC não traz como proposta para as Universidades o auxílio para que elas melhorem, através da destinação de mais verbas. A solução encontrada é a de PUNIR – porque tirar nota alta no ENADE também não garante mais verba pro curso, apenas gera um dado, bem mascarado, de que aquela faculdade vai muito bem, obrigado. E isso é uma grande mentira. Agora, uma dúvida ainda paira no ar: como uma faculdade que já vai mal, cronicamente, pela falta de recursos, vai se adequar a um padrão 05 estrelas em um ano sem receber verba a mais para isso? É possível?



ÓBVIO QUE NÃO!!!


E PORQUE BOICOTAMOS?


Ora, se pela vontade do MEC não vai vir mais dinheiro, independentemente de uma nota 05 ou uma nota 01, e os problemas que nós já enfrentamos continuarão a existir e, pior, serão mascarados pela nota alta, O BOICOTE SURGIU COMO A ÚNICA POSSIBILIDADE DE FAZER O MEC ADMITIR, TEXTUALMENTE, QUE OS PROBLEMAS QUE DIZEMOS TER NO DIA-A-DIA DO NOSSO CURSO EXISTEM E PRECISAM SER RESOLVIDOS. E com esse documento na mão podemos, publicamente, colocar o MEC numa “sinuca de bico”, e pressioná-lo para que os recursos necessários realmente venham.


E EU COM ISSO?


A frase mais adequada, “na real”, seria “e nós com isso”. Porque esse é um problema nosso, coletivo – de estudantes, professores e funcionários. A depender da nossa postura diante da realidade de nossas faculdades, dos problemas crônicos, é que as coisas podem mudar.

Esse desfecho, sem um “fecho” propriamente dito, está, em parte, nas nossas mãos. Basta que nos doemos: não apenas em prol do próximo, mas sobretudo em prol do que achamos ser o mais justo, digno e coerente para o ensino-aprendizado da Medicina. A alma das instituições, a bem da verdade, é a alma das pessoas que (con)vivem nela, é isso que lhes dá vida. Nós, estudantes, fazemos parte disso.


E EM QUE PÉ ESTÁ AGORA?

(AGORA: ABRIL DE 2009)


Na última semana, foi publicada por toda a imprensa a notícia de que o MAGNÍFICO GENERAL NAOMAR MONTEIRO DE ALMEIDA FILHO (reitor que depois de mais de 20 anos do fim da ditadura mandou a polícia invadir o campus pra bater e prender estudante não pode ser tratado de outra forma), “conseguiu” junto ao Ministério da Educação (MEC) a promessa de liberação de 2,5 milhões de reais para a FMB-UFBa, além do reconhecimento que a responsabilidade de custear o que está previsto no TSD é do MEC (o ÓBVIO!).


Entretanto, é bom se ligar no seguinte: 1) Não foi a Reitoria quem conseguiu, e sim a pressão gerada pelo boicote estudantil ao ENADE e a nossa nota 3. 2) Essa verba ainda NÃO EXISTE FORMALMENTE – NÃO HÁ NENHUM DOCUMENTO ASSINADO PELO MEC DESTINANDO VERBA EXTRA PARA A FMB-UFBA. E, depois, não é a primeira vez na história – do Brasil, da Faculdade de Medicina da Bahia – que se faz propaganda, se não em cima de falsas-verdades, em cima de promessas que não se concrertizaram e que poderão – ou não – se concretizar. Essa verba é mais um exemplo. Mas não nos esqueçamos, por exemplo, da “adesão da UFBA ao REUNI”, que nunca foi aprovada; o protagonismo do Mag. General na implantação do Programa de Ações Afirmativas, que nunca existiu (é, sim, do Movimento Negro/Movimento Estudantil); ou a defesa do Mag. General à expulsão da Fundação Bahiana de Cardiologia do HUPES, que também é lenda: a reitoria foi a favor da permanência da Fundação que, mesmo tendo o contrato rompido, lucrou e muito na saída – levou, roubando, 97% dos equipamentos da Unidade de Cirurgia Cardiovascular do nosso Hospital e nos deve, até hoje, cerca de R$ 40 milhões, que a UFBA (leia-se Reitoria da UFBA) é morosa em cobrar (leia-se: não cobra).


Embora essa suposta verba de R$ 2,5 milhões não solucione todos os nossos problemas (o orçamento feito pela Congregação da FMB para o TSD foi de 3,5 milhões), é um valor bastante significativo e que daria para resolver um bocado de coisa. Só que é o seguinte: o que existe de concreto é uma CARTA, e só uma CARTA da reitoria para a FMB indicando o “comprometimento” do MEC! Como diz velho ditado, “gato escaldado tem medo de água fria”. Donde se conclui que se um documento, assinado pelo Mag. General Naomar, que ainda não é o Ministro da Educação (por mais queira), não garante alocação de verba pra FMB-UFBA, só nos resta uma única coisa a fazer: continuar mobilizados, e pressionando, mais do que nunca, todas as instâncias possíveis e cabíveis para que esse dinheiro, de fato, venha. E é isso que estamos fazendo.